RESENHA: Capitães da Areia

Sinopse: Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes.
Várias gerações de brasileiros sofreram o impacto e a sedução desses meninos que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo à margem das convenções sociais. Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente da sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade.
Editora: Companhia das Letras
Autor: Jorge Amado
Onde Comprar:Saraiva|Submarino|Cultura

Classificação: 5/5

Em Capitães da Areia conhecemos crianças abandonadas que vivem em Salvador, elas são temidas pela Cidade Alta e acolhidas pelo trapiche na Cidade Baixa. São meninos sem pai ou mãe, que usam da coragem para sobreviver. Entre eles encontramos Pedro Bala (o líder), ProfessorGatoPirulitoSem-PernasVolta Seca e vários outros meninos que compõem o famoso grupo Capitães da Areia.
Cada um deles tem uma maneira diferente de ver e viver a vida que lhes coube, mas tive a impressão de que na verdade eles formavam um único ser. Por mais diferentes que sejam entre si, eles se completam. A história é contada em terceira pessoa (o narrador é onisciente) e os ponto de vista são alternados, mas para mim o protagonista é Pedro Bala, o líder do grupo e a figura que melhor expressa os pensamentos do Jorge Amado.

Acompanhamos as aventuras de Pedro e seus companheiros (essa palavra é importante) até o momento em que eles deixam o trapiche. E entre elas surge Dora, uma menina abandonada que se junta aos capitães e muda os rumos de todos eles de algum jeito. Dora se torna mãe, irmã, noiva e esposa daqueles meninos que nunca conheceram o afeto. Ela é minha personagem favorita junto com Pedro Bala.
A leitura não é como o de um YA atual, mas flui tão bem quanto. Adorei a narrativa do Jorge Amado, quero ler outros livros dele! É um livro com romance, drama, crítica social, ideais comunistas e Brasil. Todos esses temas se encaixam perfeitamente e deixam a leitura menos trancada.

Capitães da Areia é apaixonante. Leitura obrigatória, ou não, é um livro para se ler com calma e de coração aberto. Digo isso porque, Jorge Amado não deixa de falar de algum tema por ser polêmico, ele explora todos os lados das personagens, inclusive o sexual. Mas não é nenhum “50 tons”, é um livro polêmico para época em que foi lançado e manteve essa característica até os dias de hoje (infelizmente).

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